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A Erva-Mate – (Ilex Paraguariensis A. St.)

A Erva-Mate (Ilex Paraguariensis A. St.) Douglas Prado Marcos

A erva-mate é uma arvore que produz flores masculinas e femininas (dióica), com folhas que possuem seu ciclo normal (perenifólia), de pequeno porte e conhecida principalmente por ser a fonte da erva de chimarrão, chá mate e tereré, bebidas populares no sul da América Latina, que está ganhando cada vez mais adeptos em diferentes países como Síria, Japão e Estados Unidos.

Característica do bioma “Mata Atlântica”, em altitudes acima de 400 metros. Cresce no sub-bosque e beneficia-se do sombreamento das outras árvores, desenvolvendo nessas condições até 15 metros de altura, enquanto que em condições de cultivo e sob sol pleno raramente ultrapassa sete metros de altura.

Quanto aos sistemas de cultivo, podemos considerar diferentes maneiras de cultivar a erva mate, independentemente de serem ervais nativos ou plantados. Quando consideramos ervais nativos, nos referimos a exploração da planta que nasce naturalmente na área de terra, em meio a vegetação natural, principalmente de araucárias.

Nessas condições ocorre, principalmente a exploração dos ervais de maneira extrativista ou semi-extrativista. O primeiro caso é considerado quando o sistema apresenta pouco ou nenhum aporte tecnológico e não considera aspectos técnicos como genética, nutrição, época de plantio e de colheita. Nesses ervais a colheita é realizada em períodos de 3 a 5 anos, correspondendo a um baixo potencial comercial (GOULART E JUNIOR, 2016).

No sistema semi-extrativista ocorre a baixa adoção de tecnologias, onde, em alguns casos se trabalha consorciado com agricultura e pecuária, e considera o intervalo de 2 a 4 anos.

Já a erva-mate plantada considera um aporte mais elevado de tecnologia, leva em consideração e genética utilizada, o manejo nutricional e ainda o consorciamento com outras espécies. E em contrapartida garante uma colheita antecipada, com intervalos de 18 a 24 meses.

Esse cultivo pode ser trabalhado em sistema considerado agroflorestal, caracterizado pela combinação de cultivos simultâneos de espécies arbóreas com culturas agrícolas anuais, ou mesmo a erva mate com outras espécies arbóreas nativas. Essa última tem como característica o aumento na retenção do carbono e água, além de amenizar a temperatura em ervais plantados a pleno sol (Baggio et al., 2008).

A biomassa produzida pela espécie Ilex paraguariensis A. St.- Hil. pode ser utilizada de diferentes formas: a biomassa foliar é matéria prima para fabricação da erva mate para chimarrão; a biomassa dos galhos, oriundos da colheita é utilizada para a produção de carvões ativados, que apresentam área superficial específica mais elevada que a de materiais carbonáceos obtidos por pirólise normalmente citados em trabalhos acadêmicos.

Quando falamos sobre erva-mate (Ilex paraguariensis A. St. Hil.), lembramos do bom chimarrão, das culturas indígenas que remetem ao uso como bebida energética para superar as batalhas diárias pela sobrevivência na floresta, também em relação a saúde, com potencial antioxidante, equilibrando o organismo das alterações da acidez do organismo.

Estudos premiados e com teses comprovadas retratam a importância da espécie para o ser humano, consumida a muito tempo pelas tribos indígenas dos locais de ocorrência. O consumo da erva mate, chegou a ser condenado pelos jesuítas, porém, logo perceberam o equívoco pelo potencial econômico da espécie e também de sua importância para as famílias das tribos indígenas.

Para entendermos um pouco mais sobre esta riqueza temos os dados de distribuição e ocorrência, é uma espécie que ocorre na América do Sul, compreendendo os países Brasil, Argentina e Paraguai com predominância no Brasil se estendendo dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.

A comercialização de produtos a base de  erva mate está em expansão, sendo enfatizado propriedades químicas, principalmente no que se refere ao potencial antioxidante, além da sua consolidada utilização através do chimarrão, demonstram o potencial de utilização da espécie.

A composição química da erva-mate pode variar conforme, o clima, as condições do microclima (sombreado ou a céu aberto), a idade e também a forma como é industrializada e consumida, os principais compostos são a  cafeína, uma substância do grupo das metilxantinas que ocorre naturalmente em folhas, sementes ou frutos de várias espécies de plantas em todo mundo, a teobromina é um alcalóide derivado da purina amplamente distribuído na natureza numa variedade de plantas, principalmente nas Ilex, os flavonoides estão entre os compostos naturais mais encontrados nas plantas e são os mais importantes polifenóis da dieta humana por serem considerados como substâncias antioxidantes, atuam como protetores contra o estresse oxidativo.

As substâncias químicas encontradas na erva mate promovem o bem-estar de quem consome diariamente os produtos derivados da planta, os benefícios para a saúde estão sendo alvo de estudos que comprovam a eficiência da espécie na prevenção de doenças e relativas a fatores que demonstram a longevidade de quem a consome.

Referências

BAGGIO, A. J.; MONTOYA VILCAHUAMAN, L. J.; CORREA, G. Arborização da cultura da erva-mate: aspectos gerais, resultados experimentais e perspectivas. Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 24 p. (Embrapa Florestas. Documentos, 161).

BARLETTE, A. G.. Avaliação química e biológica do extrato hidroetanólico de erva-mate (ILex paraguariensis A. St. Hil.). Dissertação (Mestrado) – Curso de Ciências Farmacêuticas, UFRGS, Porto Alegre, 2011.

GOULART, I. C. G., JUNIOR, J. F. P., Erva 20: sistema de produção de erva-mate. Seminário Erva-mate XXI, Curitiba, 2016. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1106677/erva-20-sistema-de-producao-para-erva-mate >. Acesso: 16 de nov. 2019.

MEDRADO, M. J. S.; STURION, J. A. Cultivo da erva-mate: cobertura do solo. In: GAIAD, S. Sistemas de produção da Embrapa: cultivo da erva-mate. 2. ed. Colombo: Embrapa Florestas, 2014.

PEDRIALI, C. A. Síntese química de derivados hidrossolúveis da rutina: determinação de suas propriedades físico-químicas e avaliação de suas atividades antioxidantes. USP: Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), 2005. (Dissertação – Mestrado em Ciências Farmacêuticas).

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