O encanto do mate cantado
No nosso Podcast #27 com Victor Hugo, o artista trouxe a beleza do mate cantado e declamado, que nos inspirou a trazer para você algumas músicas gaúchas de diferentes linhas: nativista/ regionalista/ tradicionalista gaúcha/ campeira/ contemporânea / galponeira/ missioneira, para desfrutar por uns instantes a inspiração que a erva-mate traz, o calor do chimarrão para o corpo e também para a alma.
1- Romanceiro da Erva Mate
Canção de César Passarinho
Canção: Romanceiro da Erva-Mate
Naquele dia, por simpatia
Se achegou, sentou ao meu lado
E me olhou e me serviu
Mate com açúcar queimado
Voltei logo, vim de longe
Troteando a felicidade
Naquele mate com açúcar
Me deu somente amizade
Tua vida é sentida
No calor de cada mate
Na invernada do amor
Há sabor de vida e sorte
Passei a vagar pelos campos
Dia e noite a pensar nela
Pra dizer que em mim pensava
Fez um mate com canela
Colhi as flores do campo
Trouxe brincos e um anel
Querendo casar comigo
Me serviu mate com mel
Mas não quis partir comigo
Ai, quanta tristeza eu trago
Pra dizer tenho outro amor
Me deu mate muito amargo
Sete vezes eu voltei
Mas desisti afinal
Só pra me mandar embora
Me serviu mate com sal
Composição: Luiz Coronel / Caco Coelho / Asaph Borba
Victor Hugo @victorhugo.rs declamou para nós esse belíssimo texto no podcast.
Ilvandro Barreto de Melo @ilvandrobarretodemelo, do Programa Gaúcho para a Qualidade e Valorização da Erva-mate, nos forneceu a foto do livro que é uma relíquia: “História do Chimarrão – de Barbosa Lessa”, onde conta sobre essa Linguagem Poética do Mate, em analogia ao romantismo urbano da Linguagem Amorosa do Leque, usada pelas sinhazinhas nos salões de baile.
Mate com mel é…
Mate com canela é…
Mate com casca de laranja é…
Mate lavado é…
Mate frio é…
Resgatando histórias e ancestralidade!
2- Cevando Mate
Canção de Telmo de Lima Freitas
Este mate amargo que eu cevei nesta viola
Aprendi na escola do galpão
Onde o peão mais velho ensinava a gurizada
Todo o ritual do chimarrão
Pra cevar um mate chimarrão bem a contento
O grande momento é principiar
Encharca bem a erva com a água meio esperta
E atira para o lado de montar
Bomba pura prata cinzelada com capricho
Onde escurrupicho até roncar
Esse mate amargo que adoça minhas penas
Foi quem me ensinou a madrugar
Por isso ainda cevo um mate amargo a meu contento
Em todo momento que comungo num galpão
Cada gole verde dessa erva missioneira
Me enraíza mais por este chão
Composição: Telmo de Lima Freitas
3- O Sábio do Mate
Canção de Joca Martins e Juliana Spanevello
No fundo desse meu mate habita um sábio
Um velho de barbas brancas que tudo entende
Das trenas, das longitudes, dos astrolábios
Encerra tudo o que apaga, tudo o que acende
Na água suave remanso de rio tão largo
Na erva verde coxilha virgem de arado
Procuro a luz do caminho dentro do amargo
No sábio que me responde mesmo calado
Pra ele não há segredos, não há mistérios
Por velho, sovou as rédeas do coração
Talvez por isso a lo largo, todo o gaudério
Aceita tantos conselhos do chimarrão
Um dia vai, outro chega, é esta a jornada
Começa outro caminho se um chega ao fim
E em cada mate que cevo na madrugada
O velho sábio se acorda dentro de mim
Um dia vai, outro chega, é esta a jornada
Começa outro caminho se um chega ao fim
E em cada mate que cevo na madrugada
O velho sábio se acorda dentro de mim
Quem ouve o sábio do mate, sabe da vida
Mateia, assim solitário, com toda a calma
Pois no silêncio do mate, em contrapartida
Se escuta a voz experiente da própria alma
Pois dormem dentro da cuia: pialos, bravatas
A história desta querência em seus alfarrábios
Sorvida pela memória em bomba de prata
No fundo desse meu mate habita um sábio
Pra ele não há segredos, não há mistérios
Por velho, sovou as rédeas do coração
Talvez por isso a lo largo, todo o gaudério
Aceita tantos conselhos do chimarrão
Um dia vai, outro chega, é esta a jornada
Começa outro caminho se um chega ao fim
E em cada mate que cevo na madrugada
O velho sábio se acorda dentro de mim
Um dia vai, outro chega, é esta a jornada
Começa outro caminho se um chega ao fim
E em cada mate que cevo na madrugada
O velho sábio se acorda dentro de mim
O velho sábio se acorda dentro de mim
O velho sábio se acorda dentro de mim
Compositores: Joca Martins / Rodrigo Bauer
Essa letra é de arrepiar…
4- Chimarrão À Dois
Canção de Pedro Ortaça
Sempre que eu volto pro meu rancho ao fim do dia
Venho a cabresto pela sede da emoção
Pois sei que ela tem ponchadas de alegrias
Pra me servir junto ao amargo chimarrão.
A cuia vai, a cuia vem
Traz um recado e leva junto pra meu bem
Como o calor do chimarrão que reconforta
És o carinho que ela tem por este peão
Desse meu rancho é spo deus que fecha a porta
Ela é quem manda no destino meu patrão.
Em nossa vida o chimarrão é como prece
Mas o namoro a afirmação do nosso amor
A cuia vai, mas nos meus lábios permanece
Dos lábios dela a gostosura e o sabor.
Composição: Hilário Retamozo / Pedro Ortaça
5- Na Paz do Galpão
Canção de César Passarinho
A tarde cai, eu camboneio um mate
Junto ao braseiro do fogo de chão
O pai-de-fogo, puro cerne de branquilho
Queimando aos poucos na paz do galpão
O mesmo inverno coloreando o poente
Final de lida, refazendo o dia
Lá no potreiro meu baio pastando
No cinamomo um barreiro em cantoria
Por certo a tarde em outros ranchos da campanha
Por serem humildes tenham a paz que tenho aqui
Pois só quem traz sua querência dentro d’alma
Sabe guardar toda esta paz dentro de si
Encosto a cuia junto ao pé do pai-de-fogo
Chia a cambona repontando o coração
Nas horas mansas que a guitarra faz ponteio
Numa milonga pra espantar a solidão
É lento o tempo na paz do galpão
Ainda mais quando a saudade bate
As soledades vou matando aos poucos
Na parceria da guitarra e do mate
Então a noite se acomoda nos pelegos
Povoando os sonhos de ilusão e calma
Toda essa paz é um bichará pro inverno
Faz bem pro corpo e acalenta a alma.
Composição: Gujo Teixeira / Marcello Caminha
6- Despedida de Um Mateador
Canção de João Quintana e Grupo Parceria
Canção: Despedida de Um Mateador
Letra indisponível
7- Um Mate Por Ti
Analise Severo
Na bomba do mate ficaram teus lábios
E um gosto maduro de mel de mirim
E se não mateio depois que partiste
É que ando triste, perdida de ti
A bomba é uma pomba de penas cansadas
E a cuia morena seu ninho vazio
E agora que foste chegou o inverno
E as águas do mate tiritam de frio
Às vezes meus lábios recordam os beijos
Que a bomba trazia de ti para mim
E o mate de ontem me lembra
Que tudo o que é doce, à princípio, se amarga no fim
Por outras me indago se não vale a pena
Trocar um capricho por um chimarrão
Tomar mais um mate por ti que levaste
Meus restos de doce na palma da mão
Composição: Apparício Silva Rilo
8-Mates de Ontonte
Jorge Guedes e Família
Eu quero um mate que mate a saudade
De quando a amizade nos tornava iguais
E havia o respeito e a cordialidade
Daqueles tempos que não voltam mais
Eu quero um mate que mate a saudade
Dos bons conselhos que, um dia, aprendi
Onde se honrava a palavra dita
Lição bonita que nunca esqueci
Onde se honrava a palavra dita
Lição bonita que nunca esqueci
Eu quero um mate que mate a saudade
Do romantismo que o amor reparte
Eu quero um mate que mate o desejo
De roubar um beijo na bomba do mate
Eu quero um mate que mate a saudade
Do romantismo que o amor reparte
Eu quero um mate que mate o desejo
De roubar um beijo na bomba do mate
Eu quero um mate que mate a saudade
Do gesto amigo do aperto de mão
Velhos valores do sistema antigo
Daqueles tempos que já longe vão
Eu quero um mate que mate a saudade
Dos bons costumes de antigamente
Onde os rituais das rodas de mate
Faziam parte da vida da gente
Onde os rituais das rodas de mate
Faziam parte da vida da gente
Eu quero um mate que mate a saudade
Do romantismo que o amor reparte
Eu quero um mate que mate o desejo
De roubar um beijo na bomba do mate
Composição: Jorge Guedes / Silvio Genro
9- Erva Mate
Canção de Os Monarcas
Erva mate galponeira que acalenta o pajador
O teu carijo é a bandeira do Rio Grande mateador
Com o taura que perde o sono tu te afivela faceira
Só recomenda teu dono não deixe ferver a chaleira
Enraizou-se na história com tua espuma esverdeada
Fez da cuia tua memória e da bomba china delgada
Rainha que se levanta emponchada na coxilha
Curandeira de erva santa do gaúcho farroupilha
Do porongo fiz meu sonho da erva fiz o meu chão
Carrego versos profundos com gosto de chimarrão.
10- Mate de Esperança
Canção de Délcio Tavares
Eu vou cevar um mate gordo de esperança
Com a erva verde do verde do teu olhar
Tomar um trago bem graúdo
E preparar tudo para te esperar
E o meu rancho que era escuro de saudade
Eu vou fazer uma pintura de alegria
Para te impressionar e te agradar
Se tu voltar, guria
Eu fiz promessa pro negro do pastoreio
Levei fumo em rama e um gole de canha
Como oferenda (Só para ele me ajudar)
Só pra ele me ajudar a encontrar um meio
E um laço forte pra que eu te prenda, prenda
E então sem mágoa, posso até sentir o que virá depois
Vou esquentar a água e feliz servir um mate pra nós dois
E o meu rancho que era escuro de saudade
Eu vou fazer uma pintura de alegria
Para te impressionar e te agradar
Se tu voltar, guria
Eu fiz promessa pro negro do pastoreio
Levei fumo em rama e um gole de canha
Como oferenda (Só para ele me ajudar)
Só pra ele me ajudar a encontrar um meio
E um laço forte pra que eu te prenda, prenda
E então sem mágoa, posso até sentir o que virá depois
Vou esquentar a água e feliz servir um mate pra nós dois
Compositores: Albino Batista Manique / Francisco Romeu De Castilhos
Prepara o mate e desfruta das letras e os ritmos que tocam o coração à gerações.